30.5.10


Desisti de tentar mudar os rumos do blog. Tenho vontade de postar algumas coisas específicas e não pretendo me contrariar. Mais que nunca tenho optado por bandas com vocais femininos, com um pé no eletrônico e outro na guitarra. Assim é também o som do Broadcast, banda inglesa que faz parte do time da ótima Warp.

O Broadcast faz um som que remete ao Stereolab e ao Lali Puna ao mesmo tempo, carregado por sintetizadores, bateria e vocais femininos deliciosos. Enquanto os dois primeiros lançamentos, "The Noise Made by People" (2000) e "Haha Sound" (2003) são um pouco psicodélicos e remetem aos sons dos anos 60, "Tender Buttons" (2005) é mais voltado para o electro (um tanto tardio, mas que não soa gasto ou datado). Aliás, essa é uma virtude da banda - apesar de se inspirarem fortemente nessa psicodelia sessentista os discos são super atuais e pop - gostosos de se ouvir.

Alguns destaques desses três discos são "Before We Begin" (ultra pop, bem 60's, bem gostosa), "I Found the F", "Michael A Grammar" e "Man is not a Bird", que também lembra bastante sons mais antigos. Poderia citar mais muitas canções ótimas, mas vamos continuar com o post.

O Broadcast lançou no ano passado mais uma coleção de novas músicas velhas - em parceria com o Focus Group (um grupo de música experimental). Nesse novodisco eles levaram o som tradicional do Broadcast de volta às suas raízes, soando bem mais como o primeiro disco, mas com uma pegada ainda mais vintage e experimental, lembrando em alguns momentos trilhas antigas de filmes italianos e franceses.

Mais instrumental que os outros álbums, "Broadcast & the Focus Group Investigate the Witch Cults of the Radio Age" é uma pequena piração da banda, experimentando com as referências de cada um e fugindo um pouco da sonoridade usual deles. "The Be Colony" é a canção mais "Broadcast" do disco - e é ótima, com vocais e os barulhinhos tradicionais da banda. No restante das canções as referências se misturam com maior intensidade e a autoria se dissolve. As músicas ficam mais recortadas e aparecem trechos de sons mais orgânicos, imersos em batidas repetitivas, assim como vocais sobre toques de telefone e por aí vai.

Esse é um disco bem legal e que, apesar de ser mais experimental e instrumental, é gostoso e "fácil" de ouvir. Espero que eles voltem com mais lançamentos desse nível no futuro.


update _ os três primeiros discos da banda aqui.

18.5.10

Sabe música que te faz esquecer de tudo? Até de um cansaço acumulado de dias e dias de caminhada com um converse velho, ou das dores nas costas e joelhos causadas pelo mesmo, ou da histeria que é estar de férias num lugar incrível e que te oferece tudo o que você quiser (ou puder pagar...). Te faz até esquecer quem você é, onde é sua casa, seu trabalho, sua família, tudo. Te leva pra um lugar que é só dela própria, naquele momento. Shows levam essa sensação a um extremo - pelo menos pra mim.

Quando Victoria entra no palco com seus companheiros você até os nota, mas assim que ela começa a se mover e a primeira nota de "Walk in the Park" cantada na sua voz rouca chega a seus ouvidos você é dela. A decoração simples, porém linda do palco funciona super bem - as "piñatas" giram e espalham as cores dos canhões de luz, criando a sensação de movimento num palco onde os músicos pouco se movem. Porém, nada é inexpressivo - pelo contrário

Victoria se mexe como um rock star (ela veste um largo paletó branco, aberto, com as mangas dobradas), e "bate o cabelo" como faria talvez algum dos membros do Metallica, mas de maneira incrivelmente hipnotizante e suave, sem sair da sua posição. Aliás, é incrível como ela não dá um passo sequer e mesmo assim, o palco é dela - todos os olhos miram em sua direção.

Seus comparsas executam com extrema competência todas as canções de Teen Dream, e mais algumas dos discos anteriores - além de presentear a platéia com uma inédita ("never played before live", segundo Victoria). A essa altura estamos todos mais que hipnotizados, impressionados e boquiabertos. Esqueço de mencionar que a voz de Victoria, "pessoalmente", é muito mais potente do que aparenta nos discos e ecoa pela casa. As músicas ganham impressionante profundidade ao vivo.

Pouco antes do fim do concerto, as luzes assumem caráter diferente - a bola de espelhos monstruosa no teto do espaço é iluminada e de repente estamos no vídeo de "Maps", do YYY, mas é "Take Care" que começa. A histeria (interna) atinge limites poucas vezes antes alcançado. Após a última canção - que eu nem me lembro qual foi, dado o estado de hipnose musical, talvez tenha sido "Lover of Mine" - as luzes acendem e a multidão entope as escadarias. Vamos "para casa" com uma sensação esquisita. No dia seguinte João me sugere comprar um paletó.




 

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